sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O Jeans e a Alta-Costura

Quando não se sabe o que vestir, a indicação da maioria dos consultores de estilo, um dos mais badalados profissionais dos bastidores da moda, atualmente conhecidos como stylists, é unânime — use uma calça jeans e uma camiseta branca que está tudo certo. Além do mais, esse é o uniforme dos modelos masculinos e das top models para seleções de trabalho — jeans, camiseta e tênis ou chinelas Havaianas.
Desde o princípio da história da humanidade, surgiram diversas maneiras de cobrir o corpo, mas a moda foi uma invenção distinta. Surgiu no final da Idade Média, com o aparecimento da burguesia e da proposta de um sistema novo de vestir, que se tornou obrigatório para a sociedade ocidental.
A fase, que se pode considerar como o início da moda, remonta à metade do século XIV, época ao mesmo tempo artesanal e aristocrática, na qual as vestes revelavam seus traços sociais e estéticos. Assim, para o sociólogo francês Gilles Lipovetsky (1989), “a procura estética é exterior ao estilo de cada época, não ordena novas estruturas nem novas formas do traje, funciona como simples complemento decorativo, adorno periférico” (LIPOVETSKY apud CATOIRA, Jeans, a roupa que transcende a moda, 2006: 25).
Em 1853, em São Francisco, Estados Unidos, o jovem imigrante alemão Levi Strauss abre a casa atacadista Levi Strauss & Co., que comercializava tecidos e roupas para vestir os trabalhadores das minas do Oeste norte-americano. Anos depois, o denim foi transformado numa das mais adoradas peças de roupa da história, dando origem à calça jeans e à marca LEVI’S.

Em 1858, surge, em Paris, França, com o estilista inglês Charles-Fréderick Worth, a alta-costura — confecção de modelos assinados, feitos sob medida, que monopolizam a moda de luxo.

Esses dois importantes acontecimentos — a confecção industrializada da calça jeans e a alta-costura — revolucionaram a história do comportamento humano, caracterizando-se como dois fenômenos paradoxalmente opostos:
A alta-costura, durante o século XX, funcionou como uma espécie de “ditadora” das tendências de moda. Ao longo de várias décadas, os modelos de alta-costura confeccionados para as divas do cinema e grandes celebridades ditaram a moda, influenciando as classes sociais inferiores até chegar ao nível de massificação e, conseqüentemente, deixar de ser moda.
Já a calça jeans teve a curva de adoção inversa, foi criada para vestir os trabalhadores, caiu no gosto dos cowboys, foi aderida pelos jovens como signo de protesto nos movimentos de contracultura, ganhou popularidade em torno do mundo e o estrelato nas passarelas de moda, atingiu a maturidade no seu ciclo de vida de produto, ressurgindo renovada através do conceito premium jeans, tornando-se um ícone de status social, tal como são considerados os atuais artigos de luxo: bolsas, relógios e óculos.
Referência Bibliográfica
CATOIRA, Lu. Jeans, a roupa que transcende a moda. Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2006.
Fonte
ZIBETTI, Silvana. Jeans: um símbolo de cultura jovem. Dissertação (Mestrado Mídia e Cultura) — Faculdade de Comunicação e Turismo, Universidade de Marília, Marília, 2007.

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