Denim não é simplesmente um tecido de algodão, mas a matéria-prima que dá forma à calça jeans; inspira fortes paixões, tem lugar reservado no coração de designers, estilistas, modelos, jovens, adolescentes, estrelas de cinema, repórteres, escritores e publicitários, entre outros.
O interesse, que beira a paixão, pode ser o fundamento entre o tecido e os historiadores de moda até hoje, especialmente, no que se refere à verdadeira origem do denim.
Segundo Lynn Downey (1995), em "This is a pair of Levi’s jeans", no ano de 1969, um escritor de uma revista de tecidos norte-americana declarou: “denim é um dos tecidos mais antigos do mundo, contudo permanece jovem”. Seu uso contínuo e o grande interesse por este produto certamente o fizeram ser qualificado como “eternamente jovem”.
Desde o século XVII, o denim tem sido um tecido usado no trabalho de tapeçaria, na confecção de calças e toldos; está presente em museus, sótãos, loja de antiguidades e em escavações arqueológicas; usado como tecido resistente ao trabalho, como expressão de uma brava rebelião; usado, na lenda, nas velas do barco Santa Maria de Cristóvão Colombo, quando este descobriu o Novo Mundo em 1492; e usado, na realidade, por mineiros e vaqueiros norte-americanos.
Conforme Gorguet-Ballesteros, pesquisadora do Museu da Moda de Paris, um tecido chamado serge de Nîmes era conhecido na França, desde início do século XVII, e na Inglaterra, no final do mesmo século. Na mesma época, também havia um tecido conhecido na França como “nim”. Ambos os tecidos eram parcialmente compostos de lã. Havia também um outro tecido conhecido como gean (mais tarde passou a ser chamado de jeans, em alusão à calça jeans), um fustão de algodão misturado com lã e/ou com linho, o fustão de Gênova, Itália. Este tecido, bastante popular, foi produzido na Inglaterra em grandes quantidades durante o século XVI. No século XVIII, o jeans era tecido completamente em algodão, usado para fazer vestimentas masculinas e especialmente avaliado por sua propriedade de durabilidade e resistência a muitas lavagens. A popularidade do denim também era grande, ele era reconhecido como mais forte e mais caro que o jeans.
As indústrias têxteis norte-americanas começam com uma pequena produção no final do século XVIII, a fim de se tornarem independentes de produtores estrangeiros — principalmente, dos ingleses. Mesmo no começo, os tecidos de algodão eram um componente importante da linha de produtos. Uma fábrica do estado de Massachusetts teceu denim e jeans norte-americano, ambos com urdidura e trama de algodão. Os dois tecidos eram muito parecidos, entretanto eles tinham uma diferença principal: o denim era tecido com uma linha tingida (urdume) com índigo e uma linha de algodão natural
Denim, então, era utilizado na confecção de roupas de trabalho duro, quando havia a necessidade de durabilidade e conforto. Jeans era em geral usado na confecção do workwear (roupas de trabalho), sem os benefícios somados de denim. A hipótese mais divulgada pela mídia, com relação à origem do termo denim, é a de que o local de origem deste tecido acabou por nomeá-lo: Nîmes, cidade francesa.
Daí, denim, uma corruptela do francês de Nîmes. “Índigo blue, índigo blue, índigo blusão...”. A canção de Gilberto Gil está no nosso inconsciente e faz referencia à cor do denim. O corante azul, inicialmente obtido a partir das plantas orientais indiosfera e isati tinctoris, está registrado na alfândega de Gênova, cidade portuária da Itália, desde 1140. O corante sintético foi desenvolvido pela indústria de pigmentos da BASF e colocado à venda no mercado, em 1897. Hoje, o termo “índigo” é utilizado tanto para designar a cor, quanto para referir-se ao próprio tecido.
Ao longo da história da indústria têxtil, o denim caracterizou-se como tecido de maior produção e popularidade durante determinado tempo, pois a calça jeans tem mais fama do que o de qualquer outro item de vestuário. O corante índigo é um dos pigmentos mais fabricados para a indústria têxtil, confirmando a eficácia mercadológica do blue jeans.
Quando foi lançada, a calças jeans era conhecida por outro nome — waist overalls. Em 1926, passou também a ser chamada de cowboy overalls. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando se dá verdadeiramente o início de sua expansão global, os marinheiros passam a usá-las e rapidamente as fazem entrar na Europa, juntamente com o refrigerante da COCA-COLA, os famosos chicles ADAMS (gomas de mascar), os cigarros com filtro da MARLBORO e o Plano Marshall.
Provavelmente, por causa da cor azul — blue jeans —, os marinheiros europeus passaram a clamar pelas desejadas calças genes — cuja pronúncia com sotaque italiano é jeans — ao se referirem às calças usadas pelos marinheiros da marinha norte-americana, em seus momentos de “lazer”. Portanto, a origem da palavra jeans, tão comum ao nosso vocabulário, vem de Gênova, pois era lá que os marinheiros usavam calças azuis como uniforme oficial, chamadas carinhosamente de genes, em 1567.
O jeans, de fato, já iniciou seu caminho como um elemento globalizado: produzido com um tecido cuja origem do nome é francesa; industrializado em território norte-americano; batizado de jeans pelos marinheiros italianos; virou “epidemia” no mundo todo.
Referencias Bibliográficas
DOWNEY, Lynn. This is a pair of Levi’s jeans: the official history of the Levi’s Brand. San Francisco: Levi Strauss & Co. Publishing, 1995.
Fonte
ZIBETTI, Silvana. Jeans, um símbolo de cultura jovem. Dissertação (Mestrado Mídia e Cultura) – Faculdade de Comunicação e Turismo, Universidade de Marília, Marília, 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário